Repórter

Iguatemi

INSS vai notificar prejudicados por descontos irregulares na próxima semana; contato será via app

As 31 entidades que possuíam acordos com o INSS e são suspeitas de fraudes tiveram uma alta de 253% de arrecadação entre o último ano do governo de Jair Bolsonaro e o segundo ano da gestão de Lula, de acordo com projeção da Controladoria-Geral da União.
As associações tiveram um salto de receita de R$ 702 milhões em 2022 para cerca de R$ 2,5 bilhões em 2024. Os números foram levantados pela CGU a partir dos dados das folhas de pagamentos do INSS entre 2016 e o primeiro trimestre de 2024. Ou seja, os valores totais do ano passado ainda são uma projeção.
Dessas 31 entidades suspeitas, 11 concentram 84,6% dos valores descontados dos aposentados. Apenas duas delas, a Contag e o Sindnapi − que tem um irmão de Lula como vice-presidente –, realizam descontos em folha desde 2016. Todas as 11 campeãs de arrecadação tiveram os contratos suspensos por ordem judicial na Operação Sem Desconto.

 NOTIFICAÇÃO
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) afirmou que vai notificar, na terça-feira (13), os 9 milhões de aposentados e pensionistas que tiveram descontos em seus benefícios nos últimos anos e que, portanto, podem ter sido prejudicados pela fraude dos descontos irregulares. Eles deverão informar se as operações foram autorizadas, ou se foram prejudicados pelas fraudes.

A notificação será feita exclusivamente pelo aplicativo Meu INSS. Não haverá contato por telefone, ou mensagem SMS. Em caso de dúvidas, os cidadãos podem ligar na central de atendimento do órgão, pelo canal telefônico 135.
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller, afirmou que o órgão já começou a enviar, nesta quinta-feira (8), avisos a 27 milhões de aposentados e pensionistas que não foram prejudicados pelo esquema de descontos indevidos nos benefícios.

A notificação será a partir de um recorte de cinco anos. Ou seja, serão notificados cidadãos que tiveram descontos desde março de 2020.

Waller garantiu que “haverá o ressarcimento de todos que reclamaram e não há comprovação da aprovação dos descontos”. O presidente do INSS, porém, não informou quando começará a devolução do dinheiro.

O que se sabe sobre a fraude

Segundo a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades investigadas ofereciam o pagamento de propina a servidores do INSS para obter dados dos beneficiários.

Há registros de aposentados que, no mesmo dia, foram filiados a mais de uma entidade. A liberação de descontos “em lote” pelo INSS, sem autorização individual dos beneficiários, também foi identificada como um fator para a “explosão” de fraudes.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão na última sexta-feira (2). A avaliação do governo é que houve omissão de Lupi.

Uma reportagem do Jornal Nacional revelou que o ministro recebeu os primeiros alertas em junho de 2023 e levou quase um ano para agir.

Alessandro Stefanutto, que presidia o INSS e foi indicado ao cargo por Lupi, foi demitido após o escândalo ser revelado. Ele foi alvo de uma operação da PF para colher provas da fraude.

 

Notificações serão via Meu INSS. Foto: Edu Garcia | R7

Fonte: G1