Repórter

Iguatemi

75% dos empregados apresentam problemas como depressão e ansiedade

Em função da falta de conhecimento das empresas em relação à diferença entre saúde mental debilitada e doenças mentais crônicas, artigo publicado no Academy of Management Annals estima que as organizações percam até US$ 16,8 bilhões por ano. Muito do prejuízo se dá pela falta de ações que não prejudiquem a saúde mental dos colaboradores e que permitam que as pessoas com doenças mentais trilhem carreiras de sucesso.

“Vemos que muitos dos problemas de saúde mental no local de trabalho são frequentemente causados pelo ambiente de trabalho. Isso pode se sobrepor a coisas como estresse e esgotamento e pode ser consequência de empregos com carga de trabalho intensa ou mal estruturados”, reflete Emily H. Rosado-Solomon, do Babson College, que, ao lado de colegas, revisou mais de 500 artigos acadêmicos de áreas como psiquiatria e saúde pública, ocupacional e mental para o artigo “Mental Health and Mental Illness in Organizations: A Review, Comparison, and Extension” (“Saúde Mental e Doença Mental nas Organizações: uma Revisão, Comparação e Extensão”).

De acordo com a pesquisa, gestores e pesquisadores devem refletir sobre como atacar a raiz dos problemas de saúde, como depressão, nos locais de trabalho. “As organizações perdem 200 milhões de dias de trabalho por ano com problemas de saúde mental, devido aos gastos com despesas médicas, presenteísmo (estar física, mas não psicologicamente presente no trabalho), faltas, redução da produtividade e outros obstáculos ao trabalho bem-sucedido”, escreveram os autores no artigo, que revela ainda que, antes da pandemia, até 60% dos funcionários eram afetados por problemas de saúde mental, número que agora corresponde a 75%.

As estatísticas mostram que cerca de 20% das pessoas terão uma doença mental diagnosticada durante a vida, o que significa que qualquer empresa com mais de cinco pessoas tem ou terá alguém afetado pessoalmente. “Como esta é uma preocupação tão onipresente, é muito importante que as organizações aprendam como ajudar as pessoas com saúde mental debilitada a prosperar e a garantir que não estejam agravando problemas existentes por meio da estrutura de seus empregos e das suas práticas de trabalho”, pondera o estudo.

Os pesquisadores defendem que as companhias exercitem a aptidão empresarial de apoiar os funcionários com doenças mentais. “Há inúmeros exemplos de pessoas com doenças mentais e um desempenho profissional elevado. É vantajoso para as organizações, do ponto de vista empresarial, ser capaz de empregar e manter essas pessoas”, reforça a pesquisa, que ainda reflete sobre as manifestações variadas dos problemas de saúde mental na equipe.

“No caso dos homens, em certos setores, não é comum para eles conversar sobre seus sentimentos. Então, se eles estão se sentido deprimidos ou angustiados, são muito mais propensos a esconder isso. Só porque os funcionários não estão dizendo que têm uma doença mental ou estão sofrendo de esgotamento não significa que não estejam”, conclui o artigo.

Abordar os problemas antes que eles surjam é fundamental, segundo os pesquisadores, que sugerem adaptações como flexibilidade em relação ao local de trabalho e à carga horária, além de responsabilidades bem definidas. “As organizações e os formuladores de políticas precisam de pesquisas que levem a insights de como as empresas podem ser proativas, de modo semelhante à estratégia eficaz que as organizações adotam atualmente com a proteção da saúde física”, escreveram os autores.

 

 

Fonte: Estadão