Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters
O PIB (Produto Interno Bruto) do Rio Grande do Sul registrou queda de 0,7% no primeiro trimestre de 2023 na comparação com o quarto trimestre de 2022. A retração na economia gaúcha foi impactada pelas quedas na agropecuária (-21,3%) e na indústria (-4,4%), enquanto os serviços apresentaram um leve crescimento no período (+0,3%).
No País, o PIB registrou alta de 1,9% na mesma base de comparação. Os números da economia gaúcha no primeiro trimestre de 2023 foram divulgados nesta quinta-feira (22) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, em videoconferência com a participação do secretário adjunto da pasta, Bruno Silveira.
No final do ano passado, o indicador gaúcho apresentou uma queda de 5,1%, somando R$ 594,96 bilhões, para um crescimento de 2,9% no país. Os impactos pontuados na época foram a estiagem sobre a agropecuária influenciaram na queda, além das perdas com a soja (-54,3%), milho (-31,6%), fumo (-14,6%) e arroz (-9,7%) que puxaram a redução do desempenho do setor. Enquanto isso, o desempenho indústria e serviços, que subiram 2,2% e 3,7% respectivamente, cobrindo parte das perdas do agronegócio.
A queda no setor industrial desta vez foi puxada pela baixa nos números da indústria de Transformação (-5,6%), a de maior participação no segmento, e também pelos recuos nas atividades de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-1,9%) e construção (-1,7%). Em relação ao mesmo período de 2022, o PIB do RS registrou crescimento de 1,7% no primeiro trimestre, enquanto o Brasil obteve alta de 4,0% na mesma base de comparação.
Estiagem
Apesar da estiagem, a agropecuária apresentou taxa de crescimento de 13,6%, com destaque para o crescimento na produção das culturas de soja (+57,7%), milho (+37,8%) e uva (+19,8%). O resultado positivo se explica pela menor intensidade da estiagem em relação aos três primeiros meses do ano passado, quando as consequências da falta de chuva no Rio Grande do Sul foram ainda mais intensas.
No setor industrial, a queda no primeiro trimestre em comparação com 2022 foi de 7,2%, também puxada pela indústria de transformação (-10,4%). “Entre as explicações para a baixa estão a interrupção dos trabalhos para manutenção na Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, e a parada na produção na General Motors, em Gravataí”, explica Martinho Lazzari, chefe da Divisão de Análise Econômica do DEE/SPGG, responsável pelo cálculo do PIB. Conforme o pesquisador em economia, a parada na Refinaria Alberto Pasqualini representou cerca de 60% da queda registrada no segmento industrial do Estado no período.
Na Indústria de Transformação, 11 das 14 atividades apresentaram resultado negativo, sendo as de maior impacto para a taxa agregada as de Produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-34,4%), Produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-12,6%). As altas foram observadas, principalmente, nas atividades de Bebidas (+13,2%).
Para os próximos meses, puxada pelo crescimento da agropecuária, a economia gaúcha deverá apresentar uma recuperação. Apesar da estiagem ocorrida em 2023, a safra de soja, principal produto agrícola do Estado, será maior que a de 2022, impactando positivamente os números do segundo trimestre”, projeta Martinho Lazzari, destacando a soja como principal referência para o período. No acumulado em quatro trimestres, o PIB do Estado apresentou retração de 3,4%. No País, a economia teve crescimento de 3,3% no mesmo período de comparação.